quarta-feira, 19 de junho de 2013

Análise Sociológica do Filme Avatar


          O Imperialismo, também chamado de Neocolonialismo, foi um movimento de expansão territorial, cultural e econômica de nações europeias sobre outras a partir do século XIX. A exploração das potências imperialistas está relacionada com a Revolução Industrial, já que o crescimento do número de indústrias estimulou a busca de matérias primas, que estavam em falta na Europa. Além disso, fazia-se necessário a busca de novos mercados consumidores para escoar a superprodução das fábricas e dos capitais disponíveis que gerava crise. A mão-de-obra também era mais barata do que a encontrada na Europa. Estes fatores, associados a outros, estimularam a corrida das potências europeias com vista a dividir os territórios, principalmente na África e na Ásia, que pudessem suprir tais necessidades.
            
        A forte industrialização, as conquistas econômicas e a organização político-social da Europa, no decorrer do século XIX, levou os europeus a crença de que haviam atingido o topo da civilização. Esta ideia está ligada a uma visão eurocêntrica de mundo, que coloca a cultura europeia como superior às outras culturas ao redor do planeta. Alguns países imperialistas diziam que a conquista e a exploração de territórios na África e na Ásia faziam parte de uma missão civilizadora, ou seja, “o fardo do homem branco” que era levar àquelas regiões a cultura e progresso europeus. Essa missão está vinculada à teoria do darwinismo social, baseada nas ideias de Charles Darwin sobre a evolução. Aplicada à sociedade, esta teoria dizia que haviam povos mais ou menos evoluídos. Vale ressaltar que, no geral, o objetivo dos países imperialistas não era civilizar, mas obter vantagens econômicas com a exploração dos africanos e asiáticos.
            
        Apesar do objetivo do imperialismo ter sido inteiramente econômico, os europeus precisavam de motivos ideológicos e sociais para largarem seu território e partirem em busca da dominação da África e da Ásia. Já para o povo dominado, era necessária, como citado anteriormente, uma justificativa mais eficaz. No caso, os imperialistas pregavam a ideia de uma missão civilizadora que traria desenvolvimento para os países menos desenvolvidos em relação aos moldes europeus. Se tais ideias não fossem aceitas e houvesse resistência por parte dos povos colonizados, haveria a necessidade de uma intervenção militar para efetivar a dominação.
            
         Todo esse processo é representado de modo futurístico e interplanetário no filme Avatar (2009), produzido e dirigido por James Cameron. O filme retrata a invasão humana à Pandora, planeta no qual viviam os Na’vis. Diferentemente do povo nativo do novo planeta, os humanos não tinham a natureza como deusa e não prezavam a harmonia com esta. Eles estavam lá interessados somente na extração de um minério como matéria-prima e almejavam o controle da tribo para que pudessem atingir seus objetivos econômicos.

          
            Assim, Jake, com o objetivo de conseguir dinheiro para uma operação que faria com que ele retomasse o movimento das pernas, se submete ao  Programa Avatar, no qual híbridos humano-Na'vi geneticamente modificados se infiltrariam em Pandora para se familiarizar com a cultura deles e assim conseguir uma negociação com o intuito de extrair os minérios do planeta. Quando o capitão da missão percebeu que os Na’vis não aceitariam negociação para a retirada dos minérios de forma pacífica, ele decide atacar Pandora militarmente e com tecnologia não conhecida pelos nativos, que usavam instrumentos rudimentares durante a guerra. A guerra acaba com a expulsão dos humanos pelos Na’vis de Pandora.


            
          Partes do filme mostram explicitamente o etnocentrismo e racismo presentes no pensamento de parte dos humanos em relação aos Na’vis, que eram considerados nativos primatas e selvagens. Isso pode ser notado no discurso do capitão Parker: “Descubra o que os macacos azuis querem. Tentamos dar a eles medicina, educação, estradas, mas não, eles gostam de lama.” ; “São selvagens repugnantes vivendo em árvores”. Assim, fica claro que o pensamento humano sobre os nativos é de que sua cultura é inferior e de que o desenvolvimento que o humano quer trazer a eles é um fardo, coisa irrecusável na visão humana. Mas os Na’vis viviam em harmonia com a natureza e só isso a eles interessava, assim recusando a tecnologia e inovação trazida pelos humanos numa suposta missão civilizadora que tinha por trás o real interesse nos minérios de Pandora.



Darwinismo Social nos Dias Atuais

            As noções trabalhadas por Darwin acabaram não se restringindo ao campo das ciências biológicas. Pensadores sociais começaram a transferir os conceitos de evolução e adaptação para a compreensão das civilizações e demais práticas sociais. A partir de então o chamado “darwinismo social” nasceu desenvolvendo a ideia de que algumas sociedades e civilizações eram dotadas de valores que as colocavam em condição superior às demais.
           Essa adaptação da teoria darwinista para o campo social se deu, na época do imperialismo, como justificativa científica das teorias de etnocentrismo europeu, superioridade racial, etc. Apesar da época em que tal adaptação ocorreu, podemos notar ainda hoje exemplos desse conceito em nossa sociedade.
Em nosso país, há cotas para entrada em Universidades federais e estaduais. Cotas para negros e pardos, cotas para os que estudaram em escolas públicas: o governo utiliza desse artifício para não comprometer-se em fornecer um ensino escolar, que não é nada igualitário no Brasil, de qualidade. Logo, os mais pobres (menos aptos da sociedade capitalista) são obrigados a aceitar e receber o ensino menos qualificado, tornando o país mais desigual e o pobre cada vez mais excluído. 
Outro ponto em que se evidencia o darwinismo social nos dias atuais são em dados do país: a população mais pobre é de maioria negra, o que são resquícios da escravidão que têm consequências até hoje aqui.

Por Beatriz Salles (nº 04)

           Os acontecimentos dos últimos dias (manifestações do povo brasileiro), que tem ganhado bastante espaço na mídia corporativa, nos mostram que o “Darwinismo social” é um assunto ainda muito atual, pois a ideia de superioridade de um povo em relação à outro é muito resistente.

“As frases infames de preconceito contra nordestinos veiculados por redes sociais depois das eleições; o espancamento sofrido por homossexuais neste domingo, na Avenida Paulista, em São Paulo/SP; o assassinato de 32 moradores de rua em Alagoas; enfim! Todos esses casos de ódio e preconceito nos fazem pensar que estamos andando para trás no desenvolvimento sociocultural humano. E o pior é que a maior parte desses casos tem sido protagonizada por jovens (maior parte deles de classe média) ou por policiais.”

         Podemos pegar como exemplo esta frase veiculada por uma estudante de direito em uma rede social, mostrando uma declaração dos articuladores do Movimento São Paulo para os Paulistas:  
“O Brasil, na verdade, parece que é dividido em duas culturas. Minas é mais identificada com o Nordeste, não sei se é por motivos de colonização. Não sei quais as causas. Se você olhar aquele mapa meio vermelho {Dilma}, meio azul do [José Serra], é sempre assim:  Parece que um se identifica mais com uma ideologia e outro, com outra ideologia, cada qual protegendo somente um lado. Então, mesmo que tirasse o Nordeste, talvez ela [Dilma] se elegesse da mesma forma. Mas o pessoal não deixa de culpar... Culpar entre aspas, né?! Sabe que lá [Nordeste] é um celeiro mesmo, que vota no assistencialismo, no populismo” (declaração de Fabiana Pereira, 35 anos, articuladora do Movimento São Paulo para os Paulistas, em defesa da estudante Mayara Petruso)
          Quem somos nós para dizer quem é melhor ou quem é pior? A cada dia que passa vem crescendo uma cultura de ódio aos pobres, pois o consumismo capitalista mostra como modelo que “só é bom quem tem...”, o que faz com que as pessoas que não tem condições de terem por exemplo um celular ou um aparelho eletrônico de última geração se sintam inferiores aos que podem ter.
           Esse pressuposto ideológico que afirma haver indivíduos mais evoluídos, seja em termos econômicos, culturais, étnicos, religiosos ou de orientação sexual são formas claras e evidentes da aplicação do Darwinismo Social na sociedade atual.

Por Isabela Ferreira (nº 12)

            A evolução biológica pode ser compreendida como um conjunto de transformações que ocorre no decorrer do tempo em uma população. Essas modificações estão intimamente ligadas a como estes seres vivos se adaptam ao meio ambiente, ou seja, essas modificações são movidas pela seleção natural.
Hoje, como exemplo de adaptação se um jogador que treina em Santos for jogar bola em um lugar de maior altitude, onde a pressão de oxigênio contido no ar é bem menor ele vai precisar ir alguns dias antes para se adaptar ao lugar, elevar suas hemácias para aumentar o transporte de oxigênio no corpo. Porem, se ele subir a altitudes maiores ainda uma hora seu corpo não vai mais conseguir se adaptar e sua capacidade de retirar oxigênio do ar será insuficiente para mante-lo vivo.
O darwinismo hoje ainda é muito encontrado, um grande exemplo dele é os vestibulares no qual é feito um processo de seleção onde o melhor é selecionado. Os evolucionistas dos dias de hoje tem esse debate entre natureza e cultura como um problema central. A sociobiologia não pretende negar a influência da cultura, apenas destacar que ela não age sozinha, mas em conjunto com uma predisposição genética. Se uma pessoa tem uma fé religiosa, por exemplo, não deve isso exclusivamente à sua criação em uma sociedade religiosa, mas também a uma predisposição do cérebro a aplicar uma explicação religiosa à realidade.
Por Rafaela Gava (nº 25)

O darwinismo social, resumidamente, foi uma adaptação equivocada da teoria da evolução das espécies, do cientista inglês Charles Darwin, para a evolução das sociedades. Segundo essa interpretação, as sociedades se modificam e se desenvolvem segundo um mesmo modelo, que representam sempre a passagem de um estágio inferior para outro superior, em que o organismo social se mostraria mais evoluído, mais adaptado e mais complexo. No contexto da Era Imperialista no século XX, essa teoria serviu como justificativa para a dominação da raça europeia, supostamente mais evoluída, sobre as raças africanas e asiáticas, inferiores e não “civilizadas”.
Porém, mesmo um século depois, ainda nos deparamos com fatos que remetem ao darwinismo social. Atualmente, minorias ainda sofrem de preconceito e não usufruem os mesmos direitos que a maioria repressora usufrui. Ser homossexual, afrodescendente, índio ou pertencer a qualquer grupo que não seja considerado o “padrão” ainda é motivo de repressões e preconceito. Homossexuais são agredidos diariamente, não possuem os mesmos direitos quanto à liberdade de ser quem são e têm que viver todos os dias inseguros. Em uma entrevista de emprego, ainda há preferência por um homem branco do que um negro, por um bem vestido do que por um mais humilde. Estes exemplos, dentre muitos outros, só nos mostram o quanto a sociedade em que vivemos, como um todo, é menos evoluída, e não uma minoria.

Por Tatiana Jardim (nº 28)


A evolução da sociedade acontece pela competição entre as espécies e mostra quem é mais forte, e quem é mais fraco. O mais forte, civilizado, se sobressai do mais fraco, selvagem. Essa teoria vem de Charles Darwin, um cientista que criou a ideia de que os animais mais fortes e bem adaptados competindo com os mais fracos acabavam ‘’ganhando’’ essa disputa e prevalecendo na sociedade animal. Essa mesma teoria foi implantada na sociedade humana, tanto no séc. XIX quanto nos dias de hoje. 
Um grande exemplo dessa  teoria na sociedade atual é a invasão pelos Estados Unidos no Afeganistão e Iraque. Existe também um Imperialismo ideológico praticado pelos Estados Unidos na América Latina, feito com imagens, slogans e propagandas querendo mostrar que o que é americano é melhor e todos devem ter.  Essa ideologia pode ser aplicada até mesmo dentro de um só país, como aqui no Brasil, na Região Nordeste com relação a Sudeste. 
Em uma espécie animal a evolução acontece relacionada sempre a natureza, mas na espécie humana, essa evolução começou a ser classificada pela cultura, pois a tecnologia afasta cada vez mais a humanidade de sua dependência da natureza. Cultura é a forma de viver de cada povo, e não pode ser comparada ou discutida como mais ou menos evoluída, pois não faz relação com a natureza e sim é um modo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sua sociedade.
                                                                               

                                                                                                 Por Bianca Cidral (n°05)










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