Com a
Revolução Francesa, os obstáculos sociais, políticos e econômicos que impediam
o capitalismo foram fortemente enfraquecidos. Embora os interesses burgueses
guiassem as finanças e o comércio, havia ainda empecilhos na questão de
propriedade privada e direitos feudais baseados na ordem de um regime de estado
centralizado.
Além
disso, na França, o crescimento demográfico expressivo vivido na época não
correspondia com o crescimento econômico. A baixa da produção agrícola
decorrente da queda na produtividade devido às secas e inundações espalhou pelo
território francês um cenário de fome e miséria.
No
século XVIII, o poder ainda se apoiava na Teoria do Direito Divino dos Reis,
onde Luís XVI governava sem empecilhos à sua autoridade. A Assembleia dos
Estados-Gerais, no entanto, não era acionada desde 1614. Essa situação passou a
ser questionada pelo povo em meio à crise financeira do reino.
Diante
de tais dificuldades, o Estado criou impostos e medidas fiscais, porém a ascensão
econômica da burguesia atrapalhava os regulamentos, proibições e taxações ditadas
pelo governo absolutista.
Embora
o papel da burguesia fosse essencial para o Estado, ela não tinha poder
político suficiente, situação decorrente da organização estamental francesa,
que se dividia em Clero, Nobreza e Terceiro Estado (burguesia e camadas
populares). Sendo assim, a sociedade era financiada pelo Terceiro Estado, visto
que as outras duas camadas tinham isenção fiscal.
As
condições socioeconômicas vividas pela população francesa na década de 1780
agravaram-se ainda mais em 1786, quando a França reduziu as tarifas
alfandegárias dos produtos ingleses, levando as indústrias nacionais à
falência, gerando desemprego e acabando com o comércio nacional.
A
crise econômica somava-se à crise política. Ministros eram demitidos
sucessivamente quando tinham suas propostas reformistas negadas pela
aristocracia que não abria mão de seus privilégios e direitos para contornar a
decadente situação.
Quando,
em Maio de 1789, finalmente se abriu a sessão dos Estados-Gerais, os interesses
dos diferentes grupos sociais ali representados entraram em choque. O Terceiro
Estado exigia a votação individual, pois assim alcançaria facilmente a maioria
na Assembleia, e os demais estamentos queriam a tradicional votação por
estados, onde cada estamento tinha direito a um voto.
Enxergando
a impossibilidade de conciliar interesses, Luís XVI tentou dissolver a Assembleia.
Os representantes do Terceiro Estado rebelaram-se e juraram que não se
dispersariam enquanto não houvesse uma Constituição. Declarou-se então em Assembleia
Nacional Constituinte.
Luís
XVI então tomou decisões drásticas para confrontar a Assembleia, porém, para
resistir ao rei e liderar o povo, formou-se uma milícia burguesa, a Guarda
Nacional.
Em 14
de Julho, uma multidão invade a fortaleza da Bastilha, que era não só uma
prisão, mas também um forte símbolo do poder absolutista, e sua queda
significava um sinal de fraqueza do rei. No campo, os camponeses invadiam
castelos e matavam nobres. Esse período ficou conhecido como Grande Medo.
A
primeira fase da Revolução Francesa ficou então conhecida como Fase da Assembleia
Nacional e caracterizada pela forte ação da burguesia nas cidades e dos
camponeses no interior.
A Assembleia
dos Estados Gerais aboliu os direitos feudais e aprovou a Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão que estabelecia a igualdade de todos perante a
lei, direito à propriedade privada e de resistência à opressão.
Os
bens da Igreja se transformaram em lastro para a emissão de uma nova moeda, os
padres passaram a subordinar-se ao Estado como funcionários públicos. A Assembleia
proclamou, em 1791 a primeira Constituição da França, que passava a ser uma
Monarquia Constitucional.
Na Assembleia
Nacional disputavam os Jacobinos (elo entre movimento popular e membros
radicais) e os Girondinos (alta burguesia). Conforme os movimentos
revolucionários iam ganhando força, a nobreza ficava cada vez mais acuada e os
monarcas das potências absolutistas vizinhas temiam o avanço de tais ideias.
Assinaram então a Declaração de Pillnitz e ameaçavam invadir a França.
O plano do
rei francês de se unir aos demais monarcas e invadir o próprio território numa
espécie de "contragolpe" foi por água abaixo quando ele e sua família
foram presos tentando fugir para o Império Austríaco.
Paralelamente,
cresciam as dificuldades econômicas do governo revolucionário, levando à
especulação e inflação descontrolada. Os revolucionários exigiam medidas
radicais e enquanto isso, o exército absolutista estrangeiro marchava sobre a
França.
Formou-se
então um exército popular liderado pelos jacobinos e foi essa força que
enfrentou o exército dos emigrados e prussianos. O rei foi acusado de traição
ao país por colaborar com os invasores e os revolucionários proclamaram a
República.
Por Fabiana Boquimpani
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