sábado, 1 de junho de 2013

Che Guevara, a construção de um mito


"Não há fronteiras nesta luta de morte, nem vamos permanecer indiferentes perante o que acontecer em qualquer parte do mundo. A nossa vitória ou a derrota de qualquer nação do mundo é a derrota de todos."       


         Personalidade marcante da última metade do século 20, o revolucionário socialista Ernesto Guevara de la Serna, ou mais conhecido como Che Guevara, chega ao novo milênio conquistando novamente a admiração e a simpatia de adolescentes e jovens adultos por todo o mundo. Cultuado pelos seus ideais socialistas de justiça e liberdade ou apenas um fenômeno de moda criado e usado por milhares de pessoas que nem mesmo conhecem sua trajetória, o guerrilheiro argentino continua vivo no mundo atual. Pôsteres, bottons, propagandas e camisetas são apenas alguns exemplos de manifestações que até hoje o consagram como um mito latino-americano, um símbolo eterno de coragem e rebeldia contra as injustiças sociais do mundo.
         Porém, quem foi, na realidade, Che Guevara? Por que e como ele se transformou em um mito?
         Nascido em 14 de Junho de 1928 na cidade de Rosário na Argentina, Ernesto foi o primeiro dos cinco filhos do casal Ernesto Lynch e Celia de la Serna y Llosa. Sua mãe, mesmo católica, mantinha em casa um ambiente de esquerda e vivia cercada de mulheres politizadas, o que certamente influenciou a formação de seu filho.  
         Entretanto, foi apenas na década de 1950, quando realiza uma viagem de 10 mil quilômetros pela América do Sul ao lado de seu melhor amigo Alberto Granado, que Guevara desenvolve sua consciência política. Ao comando de uma moto Norton 500 apelidada de “La Poderosa”, atravessam o continente e tomam conhecimento da miséria em que vivia a maior parte da população. Durante os oito meses de viagem, Ernesto rompe totalmente com os laços nacionalistas e inicia seu diário, o qual é cultivado até sua morte. 

         Em 1952, após sua longa jornada, Che resolve voltar para Buenos Aires e terminar o último ano da faculdade de Medicina. Ao se formar, deixa seu país natal e vai para a Venezuela, onde assiste ao primeiro ano do governo reformista de Paz Estensoro e amadurece seus pensamentos. Em 1954, vai para a Guatemala e conhece dois cubanos, os quais lhe contam sobre a tentativa frustrada de Fidel Castro de acabar com a ditadura de Fulgêncio Batista. No ano de 1955, foge de vez para o México e conhece sua primeira esposa, a militante peruana Hilda Gadea.
         Em uma de suas passagens pelo México, Guevara é apresentado a Raúl e Fidel Castro, recém-saídos da prisão em Cuba e líderes do grupo guerrilheiro que sonhava com a derrubada do governo ditatorial cubano. Após conquistarem o apoio do povo e se reforçarem, conseguem derrubar a ditadura em 1959. Mesmo sendo apenas o médico da tropa, Che se torna um comandante perseverante e agressivo, sendo de extrema importância para a revolução cubana.
         Durante os anos seguintes, é indicado por Fidel Castro para comandar o Ministério das Indústrias e, em 1961, em passagem pelo Brasil, é condecorado com a Ordem do Cruzeiro do Sul pelo então presidente Jânio Quadros.
         Cansado com a vida burocrática, abandona os cargos que ocupava no governo cubano e decide ir para a África. Em 1965, chega disfarçado no Congo Belga para liderar uma nova revolução, mas não consegue o apoio dos congoleses, sendo facilmente derrotado pelas forças inimigas. No ano de 1966, sedento por outras revoluções, se dirige para a Bolívia e tenta iniciar um centro de treinamento de guerrilha. Mais uma vez sem apoio, Guevara e seus homens são dizimados pelo Exército boliviano, apoiado pela CIA.
         Em 9 de Outubro de 1967, Che é executado com uma rajada de balas e é enterrado em uma cova anônima. Apenas 30 anos depois, os ossos do revolucionário são encontrados por peritos cubanos e argentinos. Chegando em Cuba, seus restos mortais são recebidos no país com honras de estado.

         O fato de ter deixado o poder em Cuba para vir morrer lutando pela revolução na Bolívia, tornou Che um símbolo de determinação e coragem. Sua imagem passou a representar a rebeldia, o inconformismo e a liberdade da juventude, independentemente de concepções políticas ou ideológicas. 


"Os poderosos podem matar uma, duas até três rosas, mas nunca deterão a primavera."




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